Reciclagem de alumínio deve saltar para 40%

     O Brasil possui um dos mais eficientes ciclos de reciclagem de alumínio do mundo. De acordo com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), o índice supera os 35% ante cerca de 29% da média mundial. Segundo o consultor de Marketing da Alcoa, Eduardo Lima, vem crescendo ano-a-ano no mundo o uso de alumínio primário reciclado em relação ao metal primário, passando de 17% em 1960 para 33% em 2004. A estimativa para 2020 é a de que o porcentual pule para 40%. 

     Lima explica que o alumínio pode ser reprocessado sem a perda de suas propriedades físico-químicas. Além de reduzir o impacto no meio ambiente, com menor pressão por matéria-prima, a reciclagem, afirma o representante da Alcoa, contribui para a economia de energia. "Para se produzir alumínio reciclado utiliza-se apenas 5% da energia necessária para fabricar o produto primário e, para cada quilo do produto reutilizado, quatro quilos de bauxita (minério usado na produção de alumínio) são poupados", diz Lima.
Desde 1888, quando foi iniciada a produção em escala, cerca de 800 milhões de toneladas de alumínio primário foram industrializadas. Desse total, 75% (600 milhões de toneladas) estão em uso e podem ser reciclados, segundo Lima.
Em Juriti, no Pará, onde está instalando um projeto para a produção de alumínio, a Alcoa pretende criar um fundo no valor estimado de R$ 60 milhões para proteger e viabilizar o funcionamento das unidades de conservação na região, onde está o Parque Nacional da Amazônia. Confira a seguir a íntegra da entrevista concedida ao Sustentabilidade pelo consultor de Marketing da Alcoa:
Sustentabilidade - Quanto do alumínio extraído da natureza no mundo desde 1888 continua sendo reutilizado? - Segundo o Instituto Internacional de Alumínio, desde 1888, quando esse metal passou a ser produzido em escala industrial, já foram produzidas aproximadamente 800 milhões de toneladas de alumínio primário. Desse volume, aproximadamente 75% do total, ou seja, 600 milhões de toneladas ainda estão em uso, portanto com potencial para serem recicladas. A reutilização do alumínio aponta para a sustentabilidade da indústria no setor, sob aspectos econômicos, ambientais e também sociais, uma vez que contribui para o desenvolvimento (geração de impostos e renda) e redução do consumo de energia elétrica, entre muitos outros benefícios.
Eduardo Lima
Sustentabilidade - Como está desenvolvida a rede de reciclagem no mundo? Onde está mais avançada e em que pode ser melhorada? - O desenvolvimento da reciclagem varia muito de um país para outro. De forma geral, os países mais desenvolvidos consomem grandes quantidades de sucata, mas nem sempre a relação entre a sucata gerada e a reciclada é alta. Como exemplo, tem-se o caso de sucatas de latas nos Estados Unidos, onde apenas cerca de 50% do total de sucata deste tipo é coletada e reciclada. O Brasil aproveita isso muito bem - detém um dos mais eficientes ciclos de reciclagem de alumínio do mundo, com uma alta relação entre sucata recuperada e consumo doméstico. Segundo a Abal, o índice é de 35,3% (dado de 2007), ante a média mundial de 29,3%. Na reciclagem de latas de para bebidas, o País se mantém, há sete anos, na liderança mundial - em 2006 registrou índice de 94,4% de reaproveitamento e em 2007 de 96,5%.
Lima
Globalmente, a participação do uso de alumínio reciclado em relação ao uso de alumínio primário vem crescendo ano-a-ano. Passou de 17% em 1960 para 33% em 2004. Espera-se que esse número cresça para 40% em 2020. O setor de transportes, desde os anos 80, é o principal provedor de alumínio reciclado, fabricado a partir de sucata de produtos de vida útil esgotada, seguido pelas embalagens, com destaque para as latas de bebidas, máquinas, cabos, produtos de alumínio utilizados pela construção civil, sendo que esses passaram a ter maior representatividade no século 21, dado o longo tempo de vida útil (dezenas de anos).
Sustentabilidade - Você diria que alumínio é um metal sustentável? - Ele não é o único que pode ser reciclado sem perder suas propriedades físico-químicas. Outros, como ferro e magnésio, também são. Mas, quando falamos de um metal ou mesmo se qualquer material é sustentável, precisamos analisar toda a cadeia de valor sob as óticas econômica, social e ambiental.
Lima
O alumínio é o material mais lembrado quando se fala em reciclagem, pois além de suas propriedades, que permitem que ele seja reutilizado inúmeras vezes sem perder suas características, também é um metal bastante presente em nosso dia-a-dia . Além disso, o valor por quilo de sucata gera mais interesse pelas pessoas relacionadas na sua coleta, etapa fundamental para a reciclagem. Vale lembrar que a coleta não é feita apenas por catadores de rua, mas também por muitas escolas, condomínio, clubes, depósitos etc.
O material pode ser reciclado a partir de sucatas de produtos que não possuem mais vida útil ou de sobras do processo produtivo. Latas de refrigerante, utensílios domésticos, esquadrias de portas e janelas, componentes de fabricação automotiva e muitos outros podem ser reutilizados e empregados na obtenção de produtos novos.
Por meio de programas de educação ambiental, é possível estimular a consciência ecológica e incentivar a reciclagem, favorecendo a redução de lixo gerado. A indústria do alumínio tem o compromisso de proteger o ambiente, obedecer as leis e regulamentos e se antecipar às suas exigências, obtendo eficiência máxima no uso das matérias-primas e eliminando os impactos que possam resultar de operações do setor.
Além de reduzir os impactos no meio ambiente, a reciclagem contribui para a economia de energia, sendo que, para produzir alumínio reciclado, se utiliza apenas 5% da energia necessária para fabricar o produto primário. Devido ao seu valor de mercado, a sucata de alumínio se tornou uma oportunidade para milhares de famílias brasileiras que participam desde a coleta até a transformação final do material. A cada quilo de alumínio reciclado, quatro quilos de bauxita (minério utilizado para a produção do alumínio) são poupados.
Sustentabilidade - Quais as perspectivas para o metal? - Mesmo após pouco mais de 120 anos de produção comercial, o alumínio mostra um potencial enorme de crescimento. Os motivos desse otimismo são inerentes às características do metal, ou seja, sua reciclabilidade, sua leveza, sua capacidade de moldagem. Os ciclos econômicos mundiais podem interromper por um ou outro ano a tendência de crescimento, mas ela é irreversível.
Lima
Sustentabilidade - Como vem evoluindo a demanda pelo produto? - Em 1970, havia 90 milhões de toneladas de alumínio em uso. Projeções do Instituto Internacional do Alumínio, instituição sediada na Inglaterra, indicam que esse valor deva aumentar dez vezes até 2020, chegando a 900 milhões de toneladas. A demanda por alumínio é destinada principalmente para metais primários e sucata, sendo que em média 67% são de alumínio primário e 33% de sucata. Esse índice de uso de sucata deve crescer frente ao primário.
Lima
Sustentabilidade - Quais são os produtos mais demandados na produção de alumínio? - Entre outros insumos, destacam-se a alumina calcinada, coque e piche. No caso da utilização de energia, no Brasil, a Alcoa, por meio de sua participação em consórcios como Barra Grande e Machadinho, ambos localizados na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, assegura 38% do fornecimento para suas operações. A companhia também possui participação nos consórcios das hidrelétricas em construção de Estreito, na divisa do Tocantins e Maranhão, e Serra do Facão, entre os Estados de Goiás e Minas Gerais.
Lima
Entre as metas estratégicas de sustentabilidade, a Alcoa inclui a redução do consumo de água, tendo obtido na operação brasileira uma redução de 34%, desde 2000. As unidades de produtos primários em Poços de Caldas (MG) e em São Luis (MA), que fazem o refino da bauxita para a produção de alumina e a produção do alumínio, apresentaram as maiores reduções de consumo. Elas realizam ações como adequação e diminuição do uso de água em torres de resfriamento e caldeiras, bem como a conscientização dos colaboradores.
A unidade de Poços mantém o Projeto Descarga Zero, que permite o reaproveitamento de todo o efluente líquido e da água de chuva. Quando totalmente operante, o projeto permitirá que a fábrica interrompa a captação de água do rio que atualmente a abastece.
Sustentabilidade - Qual a tendência dos preços do alumínio? - Os resultados da indústria do alumínio estão atrelados aos preços internacionais, que são cotados pela Bolsa de Metais de Londres. Como esses preços subitamente caíram a níveis muito baixos desde o final do ano passado, é de se prever que se recuperarão gradualmente nos próximos meses.
Lima
Sustentabilidade - Como a Alcoa trata as áreas de exploração e de seu entorno, durante e após o tempo de vida útil do sítio? - A Alcoa atua por meio das melhores práticas de recuperação de áreas mineradas de bauxita. Em Poços de Caldas, por exemplo, onde está presente há 44 anos, foi implementado um sistema de reabilitação que é referência mundial, tendo sido reconhecido duas vezes pelo Prêmio de Excelência Ambiental, em 1993 e em 1999, concedido pela Alcoa Inc. A reabilitação de áreas mineradas no País é comum na Alcoa, mesmo antes da Constituição de 1988, que estabeleceu a obrigatoriedade da prática pelas empresas de mineração.
Lima
Em Juruti, onde a Alcoa está instalando a unidade de mineração, as áreas recuperadas seguirão as mesmas práticas de excelência adotadas pela empresa no mundo.
Projetos de mineração de bauxita nessa região podem, à primeira vista, parecer uma fenomenal contribuição à extinção desse bioma, mas quem atentar para as técnicas de supressão vegetal, recuperação de fauna e flora e reabilitação das áreas mineradas com árvores de espécies nativas - atividades desenvolvidas e praticadas há décadas pela Alcoa - encontrará exemplos de grande sucesso e baixo risco ambiental. Áreas mineradas e reabilitadas ao longo dos anos, com vegetação nativa, recuperaram de maneira bastante satisfatória a biodiversidade temporariamente suprimida.
Temos muitos exemplos nesse sentido. Em Poços de Caldas, São Luís e Tubarão (SC), onde a Alcoa tem fábricas, a empresa possui parques ambientais, visando a preservação da natureza. Esses parques promovem atividades como palestras, oficinas de educação ambiental para crianças, desenvolvimento de projetos com universidades e passeios em trilhas, além da preservação de espécies nativas.
Em Juruti, no Pará, a Alcoa valoriza e incentiva outros projetos ambientais importantes. Um deles é o Programa de Apoio à Conservação da Biodiversidade da Amazônia, lançado em 2007. Conduzido pela organização ambientalista Conservação Internacional, pela Alcoa Foundation e pela Alcoa no Brasil, o programa terá a duração de cinco anos e receberá R$ 2 milhões das instituições parceiras. O objetivo principal é colaborar com a implementação das unidades de conservação nesta região, estratégia indicada como sendo a mais eficiente para proteger a biodiversidade e conter o desmatamento em áreas de grande dinâmica social e econômica, segundo muitos estudos de referência.
O programa está aberto a contribuições de outras instituições. Pretende-se, até 2012, criar um fundo no valor estimado de R$ 60 milhões para proteger e viabilizar o funcionamento das unidades de conservação na região, onde está o Parque Nacional da Amazônia, que também recebeu investimentos por meio desse programa. A conservação dos recursos naturais, da biodiversidade e a gestão ambiental de resíduos, efluentes e emissões são dois temas estratégicos para a companhia e estão em constante evolução, demonstrando o compromisso da empresa com as atuais e futuras gerações. 

Fonte: http://invertia.terra.com.br/sustentabilidade/interna/0,,OI3886340-EI10411,00.html
Retirado de: http://www.sustentabilidade.org.br/conteudos_sust.asp?categ=20

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